compositor, pianista, teórico musical



Formulação de um modelo estrutural para o tonalismo oitocentista a partir da revisão crítica de bibliografia teórica histórica

Pesquisa realizada na Universidade Estadual de Maringá-PR, Brasil, de 2010 a 2014

Sendo um compositor seriamente preocupado em compreender os segredos da arte da Música e um professor de todos os níveis de composição e teoria musical, eu tenho me dedicado por mais de duas décadas à pesquisa de uma forma eficiente de localizar, explicar e grafar, de uma maneira sintética, clara e pedagógica, a coerência construtiva dos repertórios tonais, em especial os da segunda metade do século XIX. Para realizar isso, foram preparadas diversas análises de obras importantes do repertório erudito ocidental e foram feitos estudos e diálogos críticos de textos teóricos históricos que cobrem um território de cerca de 2000 anos de teóricos musicais, desde por exemplo Pitágoras, Boécio, Prosdócimo, Zarlino e Tartini, até teóricos dos séculos XIX e XX, tais como Gottfried Weber, Hugo Riemann, Schoenberg e Schenker. Dado o meu interesse principal no repertório Romântico tardio, minhas fontes mais importantes são, quer de forma direta ou quer mediados por musicólogos atuais, textos do século XIX e início do século XX de autores como Gottfried Weber (1779-1839), Moritz Hauptmann (1792-1868), François-Joseph Fétis (1784-1871), Arthur von Oettingen (1836-1920), Carl Friedrich Weitzmann (1808-1880), Rudolf Louis (1870-1914), Ludwig Thuille (1861-1907), Sigfrid Karg-Elert (1877-1933), Arnold Schoenberg (1874-1951) e, em especial, Hugo Riemann (1849-1919). Com este ponto de partida, esta pesquisa pretende propor uma maneira diferente de explicar os procedimentos composicionais do Tonalismo Expandido (também dito Cromático) do final do século XIX, construída a partir da revisão crítica do imaginário teórico oitocentista e formalizada em um Modelo Estrutural apresentado como um sistema lógico dedutivo provavelmente preparado “à maneira dos geômetras” (como na Ética de Spinoza) da forma mais objetiva possível, em contraposição à subjetividade da grande maioria dos trabalhos teóricos nesta área. Com esta pesquisa pretende-se recuperar para os estudiosos do século XXI parte do imaginário musical teórico do século XIX, imprescindível ao entendimento do repertório oitocentista e razoavelmente desconhecido das metodologias tradicionais de instrução musical de hoje. Também serão recolhidos, revisados criticamente e preservados os arquivos de análises minhas de repertório previamente realizados, reformatados como material ilustrativo do Modelo Estrutural proposto.

Objetivos

  1. Propor uma maneira diferente de explicar os procedimentos composicionais do Tonalismo Expandido (também dito Cromático) do final do século XIX, construída a partir da revisão crítica do imaginário teórico oitocentista e formalizada em um Modelo Estrutural apresentado em um sistema lógico dedutivo.
  2. Recuperar parte do imaginário musical teórico do século XIX, imprescindível ao entendimento do repertório oitocentista e razoavelmente desconhecido das metodologias tradicionais de instrução musical de hoje;
  3. Recolher, revisar criticamente e preservar arquivos de análises minhas de repertório previamente realizados, reformatados como material ilustrativo do Modelo Estrutural proposto;
  4. Criar material bibliográfico instrucional para o ensino do cânone ocidental de Estruturação Musical.


Bibliografia

BEETHOVEN, Ludwig Van. Studies in thorough-bass, counterpoint and the art of scientific composition. New York: Schuberth and comp, 1853.
BENSON, David J. Music: A Mathematical Offering. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.
BRISOLLA, Cyro. Princípios de harmonia funcional. São Paulo: Annablume, 2006 [1979].
COHN, Richard. Introduction to Neo-Riemannian Theory: A Survey and a Historical Perspective. Journal of Music Theory, Duke University Press, Vol. 42, No. 2, Neo-Riemannian Theory, pp. 167-180, 1998.
COSTÈRE, Edmond. Lois et Styles des Harmonies Musicales. Paris: Presses Universitaires de France, 1954.
COSTÈRE, Edmond. Mort ou Transfigurations de l'Harmonie. Paris: Presses Universitaires de France, 1962.
EUCLIDES. The Thirteen Books of the Elements. New York: Dover, 1956 [circa 300 AC].
FÉTIS, F.-J. Traité complet de la théorie et de la pratique de l'Harmonie. Paris: G. Brandus et S. Dufour, 1861 [1844].
GALILEI, Vincenzo. Dialogo della musica antica et della moderna. New York:Broude Brothers, 1967 [1581].
HAAGMANS, Dirk. Scales, Intervals, Harmony, Book I. New York: J. Fischer and Bro, 1916.
HARRISON, Daniel. Harmonic Function in Chromatic Music. Chicago: University of Chicago Press, 1994.
HAUPTMANN, Moritz. The Nature of Harmony and Meter. London and New York: Novello, Ewer, 1888 [1853].
HELMHOLTZ, H. On The Sensations of Tone as a Physiological Basis for the Theory of Music. New York: Dover 1954 [1885].
HINDEMITH, Paul. Curso Condensado de Harmonia Tradicional: São Paulo: Vitale, 1949 [1943].
HURON, D. Tone and Voice: A Derivation of the Rules of Voice-Leading from Perceptual Principles. Music Perception Fall, Vol. 19, No. 1, 1–64, 2001.
JEPPESEN, K. Counterpoint: The Polyphonic Vocal Style of the Sixteenth Century. New York: Dover Publications, 1992 [1931].
KOELLREUTER, Hans Joachim. Harmonia Funcional – introdução à teoria das funções harmônicas. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1980.
KRUMHANSL, C. L. Cognitive Foundations of Musical Pitch. New York: Oxford University Press, 1990.
LERDAHL, F., & Jackendoff, R. A Generative Theory of Tonal Music. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1983.
LERDAHL, F. Tonal Pitch Space. Oxford: Oxford University Press, 2001.
LEWIN, David. A Formal Theory of Generalized Tonal Functions. Journal of Music Theory, Yale University, Vol. 26, No. 1, pg. 23-60, 1982.
LOUIS, R. & THUILLE, Ludwig. Harmonielehre. Sttutgart: Verlag von Carl Grüninger (Klett & Hartmann), 1907.
MENEZES, Flo. A acústica musical em palavras e sons. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004.
MENEZES, Florivaldo, Apoteose de Schoenberg, 2a. edição, São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
MICKELSEN, William C. Hugo Riemann's Theory of Harmony: A Study. Lincoln: University of Nebraska Press, 1977.
MOONEY, Kevin. Hugo Riemann's Debut as a Music Theorist. Journal of Music Theory, Duke University Press, Vol. 44, No. 1, pp. 81-99, 2000.
MOTTE, Diether de la. Armonía. Barcelona: Idea Books, 1998 [1976].
OETTINGEN, Arthur von. Harmoniesystem in Dualer Entwicklung. Leipzig: W. Glaser, 1866.
OLIVEIRA, J. Zula de ; OLIVEIRA, Marilena de. Harmonia funcional. São Paulo: Cultura Musical, 1978.
PARNCUTT, Richard. Harmony: A Psychoacoustical Approach. Berlin: Springer-Verlag, 1989.
PISTON, W. Harmony. New York: Norton, 1962 [1941].
RAMEAU, J. P. Treatise on Harmony. New York: Dover, 1971 [1722].
REHDING, Alexander. Hugo Riemann and the birth of modern musical thought. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
RIEMANN, Hugo. Ideas for a Study On the Imagination of Tone, (translated by Robert Wason and Elizabeth West Marvin). Journal of Music Theory 36/1, pp. 81-117, 1992 [1915].
RIEMANN, Hugo. Harmony Simplified ; or, The theory of the tonal functions of chords. London: Augener & Co., 1903 [1893].
RIEMANN, Hugo. History of Music Theory, Book III. Translated by William C. Mickelsen. In Mickelsen, Hugo Riemann's Theory of Harmony: A Study. Lincoln: University of Nebraska Press, 1977 [1898].
RIMSKY-KORSAKOV, N. Tratado Prático de Armonia. Buenos Aires: Ricordi Americana, 1976 [1885].
RUDD, Rachel Eloise. Karl Friedrich Weitzmann's Harmonic Theory in Perspective. 1992. Dissertação (Doutorado) - Columbia University in the City of New York, New York, USA.
SCHENKER, Heinrich. Harmony. Chicago: University of Chicago Press, 1954 [1910].
SCHENKER, Heinrich. Counterpoint. New York: Schirmer, 1987 [1910-1922].
SCHENKER, Heinrich. Free composition. New York: Longman, 1979 [1935].
SCHOENBERG, Arnold. Funções Estruturais da Harmonia. São Paulo: Via Lettera, 2004 [1954].
SCHOENBERG, A. Fundamentos da composição musical. São Paulo: Edusp, 1992 [1967].
SCHOENBERG, A. Harmonia. São Paulo: Editora UNESP, 2001 [1911].
SEPE, J. Tratado de harmonia. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1942.
SPINOZA, Baruch. Tractatus de Intellectus Emendatione. In: Ethics & On the improvement of understanding. New York: Hafner Press, 1949 [1662].
SPINOZA, Baruch. Ethica Ordine Geometrico Demonstrata. In: Ethics & On the improvement of understanding. New York: Hafner Press, 1949 [1677].
TCHAIKOVSKY, Peter Ilich. Guide to the Practical Study of Harmony. New York: Dover Books, 2005 [1872].
TENNEY, J. A History of ‘Consonance’ and ‘Dissonance’. White Plains, NY: Excelsior, 1988.
TERHARDT, E. Pitch, Consonance and harmony. Journal of the Acoustical Society of America 55 pp. 1061-1069, 1974.
TERHARDT, E. The Concept of Musical Consonance: A Link Between Music and Psychoacoustics. Music Perception 1, 276-295 (1984).
VICENTINO, Nicola. L'antica musica ridotta alla moderna prattica – Ancient Music Adapted to Modern Practice. New Haven: Yale University Press, 1996 [1555].
WEBER, Gottfried. Theory of Musical Composition, treated with a view to a naturally consecutive arrangement of topics. Vols I and II. Boston: Wilkins, Carter, and Company, 1846 [1817-1821].
ZAMACOIS, J. Tratado de armonia (três volumes). Barcelona: Labor, 1984 [1945-48].
ZARLINO, Gioseffo. Dimostrationi harmoniche. New York: Broude Brothers, 1965 [1558].
ZARLINO, Gioseffo. Le istitutioni harmoniche. New York: Broude Brothers,1965 [1571].



(viewed 2409 times)
© Copyright 2023 by Marcus Alessi Bittencourt. All rights reserved.
Warning: Unauthorized reproduction or commercial use of all contents of this site is prohibited by Law and subject to criminal prosecution.